quinta-feira, 17 de junho de 2010

Cama vazia


(foto retirada da internet)

Acendi a luz... Ao ver-te deitado ao meu lado percebi que sentir a tua presença apenas, não me chega. De novo às escuras, recordei o nosso primeiro passeio de barco... Quando nada fazia prever tempestades... quando não eram necessárias bonanças... Lembro-me da excitação, a pressa que tínhamos um do outro. E agora não te anseio.
Não me lembro dos teus beijos, sendo que acabamos de beijar-nos... Esqueci-me de como eram as tuas costas, sendo que dormimos de costas voltadas (como um hábito que não se consegue perder e se torna um vício). Apaguei o som da tua voz, sendo que acabaste de me desejar "boa noite". Curei-me das tuas mãos, que sabia de cor, sendo que dormes sempre com uma delas na minha perna. Desliguei-me do teu olhar, que me consumia de paixão, sendo que amanhã tornarei a acordar com ele. Não recordo o teu cheiro, que antes me enlouquecia, sendo que a tua pele está colada, como todas as noites, à minha...

E assim, lado a lado, dormimos todos os dias, há tantos dias... Até que dia?

Acende a luz, olha para mim a dormir. E, novamente às escuras, pensa no que é que nos faz continuar a dormir lado a lado? Diz-me se te chega a minha presença... Inspira-me... faz-me ser tua novamente, porque eu tenho medo de camas vazias, eu tenho saudades nossas... quando não precisava de acender a luz para ter a certeza que estavas aí.

Efectivamente acende a luz
Afectivamente às escuras